Disciplina - Biologia

Biologia & Ciências

20/12/2010

Floresce "Flor-cadáver"

Floresceu, em Brumadinho, Minas Gerais, um exemplar da planta conhecida como “flor-cadáver”. Segundo o botânico Eduardo Gonçalves, esta é a primeira vez que esta espécie floresce na América Latina. O fenômeno, raro, está no viveiro do centro de arte e botânica Inhotim, na cidade da região central de Minas. O fenômeno foi registrado pela última vez no Japão, em julho de 2010.

Como o nome já anuncia, a floração da espécie Amorphophallus titanum, natural da Indonésia tem um cheiro característico de carne em estado de putrefação. Gonçalves, que é curador botânico de Inhotim, foi quem plantou a semente da planta rara, que virou uma espécie de batata, até virar a flor que está desabrochada. Segundo ele, existem várias espécies de plantas que fedem, mas nenhuma atinge o tamanho da flor-cadáver, que pode chegar a três metros de altura.

“Várias flores têm cheiro ruim, mas são sempre pequenas. Geralmente, elas não causam o estardalhaço que esta causa. Ela tem cheiro ruim porque os polinizadores, ao contrário dos que os que a gente conhece, como borboleta, abelha, que gostam de cheiros agradáveis e bonitas cores, os polinizadores desta espécie são besouros e, ocasionalmente, moscas”, disse Gonçalves.

O doutor em botânica explica que a planta conseguiu evoluir até reproduzir o cheiro de carne podre para enganar os besouros, de forma que eles fizessem a polinização para a perpetuação da espécie. O besouro, segundo o especialista, também é atraído pela cor interna da planta, que se assemelha à cor de carne em putrefação.

De acordo com Gonçalves, para que a planta atinja sua floração, ela própria se aquece, e produz substâncias que solta no ar em pequenos pulsos. Essas substâncias, sendo dois tipos delas as cadaverinas e as putrescinas, são o que faz com que sintamos o cheiro de podridão.
Apesar da aparência bem diferente, a ‘flor-cadáver’ é da família do copo-de-leite. Conhecida como a maior flor do mundo, na verdade, segundo o curador, ela é uma floração, uma reunião de pequenas flores em um conjunto compacto.

Sônia Zanon, que visitou a flor-cadáver, achou a espécie muito exótica. “Muito exótica, diferente. Achei que se pareceria com uma orquídea, muito linda, muito delicada, pelo o que falaram na recepção. Me surpreendeu muito. Olhando de longe, achei que isso aqui (a planta) era uma escultura e que a planta estaria por aqui. E qual não foi minha surpresa ao ver que a escultura é a própria planta. Achei muito bonita, muito exótica”, disse a visitante.

O idealizador e membro do Conselho de Administração de Inhotim, Bernardo Paz, falou sobre o trabalho de excelência do centro, que vem sendo montado, e que a ‘flor-cadáver’ é um exemplo de conquista. “A tendência agora é amplificar a botânica o máximo possível e ter todos os exemplares raros do mundo inteiro. E estamos neste caminho. A gente fica muito feliz quando acontece uma coisa desta proporção na América Latina. É uma coisa extraordinária”, completou Paz.

A ‘flor-cadáver’ tem uma floração curta, em média três dias. A ‘batata’, que fica sob a terra, pode ser retirada do lugar, segundo Gonçalves porque entra em um estado de dormência e pode ser replantada em qualquer outro local. Normalmente, a floração acontece a cada dez ou 12 anos, mas a equipe de botânicos do Inhotim tem a expectativa de presenciar o fenômeno de novo em dois anos, porque, segundo eles, esse exemplar floresceu muito antes do previsto e muito rapidamente.

O fenômeno pode ser visto pelo site do Inhotim ao vivo. Uma câmera acompanha o desabrochar em tempo real até a planta cair totalmente.


Esta notícia foi publicada em 19/12/2010 no site clicapiaui.com. Todas as informações nela contida são de responsabilidade do autor.
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